TREATRO LUNÁTICO

Não é palco.

Não é festa.

É uma falha bem colocada no tecido da realidade.

A lua cheia é nosso sinal.

Algo sempre se desalinha:

um pixel escapa,

um som atravessa,

um gesto se repete até virar feitiço.

Não seguimos roteiro.

Preferimos tropeçar no improviso,

construir com o que escorre,

rir antes da lógica.

Tragam seus olhos cansados do óbvio.

Tragam as perguntas que ninguém ousa responder.

Tragam o bug, o brilho, o balbucio,

a estranheza que te ilumina.

Aqui, o inesperado toma o leme.

O erro vira descoberta.

A criação acontece em flagrante,

e o impossível ensaia suas primeiras falas.

No Treatro Lunático,

a realidade é rascunho,

o delírio estreia sem aviso

e o futuro é uma interrogação vestida de experiência.